sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O Professor como Mediador na Desconstrução do Preconceito em Sala de Aula

O Professor como Mediador na Desconstrução do Preconceito em Sala de Aula


Por Maria de Oliveira

O racismo surge na cultura ocidental, respondendo à necessidade de conceber como inferior um grupo para que assim legitimasse a sua exploração. Crescemos sendo bombardeados de concepções racistas, escutamos piadas ( e como diz o cantor "gabriel, o pensador" em sua letra de música "racismo é burrice": piadas que teriam bem mais graça/Se não fossem o retrato da nossa ignorância) contendo racismo e rimos como se fosse algo natural e engraçado inferiorizar alguém pela sua origem étnica. Enxergamos o mundo sob a ótica européia, tendo esta como modelo e por isso somos levados a acreditar numa hierarquia na qual o branco é superior. Mas... não. O branco não é o melhor. Achamos isto porque nascemos, crescemos e continuamos tendo a sociedade européia como referência. Os cabelos crespos são classificados como “ruins” porque o ponto de referência é o do europeu, que é liso, e é o “bom”. Diante disto, todos diferentes são inferiores, tratados de maneira pejorativa. O racismo se baseia na desinformação e na ignorância.
O Brasil é um país em que desde a sua colonização sofreu intensa miscigenação e por esta razão constrói-se a idéia de ausência de racismo, porém a democracia racial brasileira é um mito, pois o racismo desferido aos negros pela sociedade brasileira se reproduz nas mais diversas formas: costumes, gestos, vocabulários ("coisa de preto") que muitas vezes passam despercebidos porque tais já estão naturalizados como, por exemplo, a “inocente” expressão “até que é um preto bonito” como se ser negro bonito fosse uma exceção à regra. Um ponto que dificulta o combate ao racismo é o fato de este acontecer majoritariamente velado. Um fato que ilustra muito bem tal forma de racismos são os comentários de uma usuária do Youtube num vídeo ( que será exibido mais à frente, sobre racismo) que ao expor sua opinião, externaliza o racismo que há dentro de si, sem se dar conta, pois pra ela é tal natural conceber o branco como o superior. Irei postar apenas um, dos seus vários comentários.
Observem:
@Julinhaaaa2 Em que parte de meus comentários afirmei que todas as mulheres brancas são lindas e que todas as pretas são feias?Apenas disse que a grande maioria tende a sentir maior atração por pessoas brancas, pois brancas tendem a possuir melhor aparência. Isso não quer dizer que todas as pessoas brancas são belas.
PS: Se chamar um preto de "preto" é racismo, então os brancos deveriam processar quem lhes chamam de "brancos". Inclusive o termo "pessoa preta" consta como correto pelo IBGE.”
Até em sala de aula é difícil esta discussão, pois no Brasil a discriminação racial é crime, então poucas são as pessoas que externalizam o seu preconceito e dá uma falsa ilusão de que nao há o que se discutir, pois simplesmente não há. No entanto, tais costumes segregacionistas podem vir a causar dramas nas pessoas que são negras, desde a sua infância; a começar pela sala de aula, espaço que possibilita a construção de sua identidade. Um exemplo clássico é a adoção de histórias infantis contendo como protagonistas personagens brancos, como “A Branca de Neves e os sete anões”, fazendo com que as se crianças negras imaginem como tais e de certa forma a segregarem as suas próprias identidades. Como evidenciado neste vídeo, que é um teste de racismo realizado com crianças negras (americanas):



Ou seja, voltando à importância da discussão em sala de aula, o professor tem um papel importantíssimo, já que ele ajudará a construir a identidade de cada criança e dependendo de sua abordagem ao tratar os diversos assuntos,
como por exemplo, ensinar a história do negro no Brasil remetendo apenas à escravidão, relegando-o a mera mão de obra escrava, pode contribuir mais ainda o agravamento do racismo e as crianças negras se sentirem inferiorizadas e até mesmo negar a sua origem. O professor também precisa saber se portar diante de atitudes racistas entre seus alunos, pois ao presenciar uma prática de racismo e se abster diante da cena, estará consentindo que tal atitude seja praticada.
Atualmente, é lei expor sobre a história e cultura afro-brasileira e indígena. A matéria, apesar de haver muita resistência, o despreparo e até falta do conhecimento desta lei por parte de muitos docentes, entrou oficialmente no currículo escolar a partir do ano de 2003 e foi modificada para a inclusão da figura indígena no ano de 2008. É essencial que essa discussão seja feita com os alunos, uma exposição positiva sobre a história da África, a luta dos negros no Brasil, sua influencia em nossos vocabulários, costumes, culinária etc, pois apesar de haver ainda muito a se avançar, a criação da lei é um passo importante para que os negros brasileiros sejam vistos como indivíduos que contribuíram significativamente na formação da identidade nacional, pois como era ensinada, a figura do negro era sempre atrelada à meramente mão de obra escrava.

Um comentário:

  1. Vídeo muito interessante, pois permiti observar como as crianças internalizam com maior facilidade as ideias de uma determinada sociedade, até por possuírem uma menor capacidade crítica por estarem em fase de desenvolvimento intelectual. Onde as crianças negras não se reconhecem como bonitas, porque crescem ouvindo e assistindo pelos meios de comunicação que apenas as crianças brancas são belas, até porque em muitas propagandas (hoje em dia diminui um pouco) não aparecem crianças negras, e o que falar de brinquedos negros.

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